O mais esperado e o mais violento jogo de luta de todos os tempos finalmente chega e é lançado em 19 de abril de 2011. Mortal Kombat, produzido pela NetherRealm Studios antiga Midway, retoma todo o sangue e a brutalidade típicos da série e vai mais além. Embarque em uma viagem pelo Outworld revivendo os momentos clássicos da série e reconhecendo as origens de cada um de seus vários aspectos. Acertos e fiascos da série Sempre fui um grande fã de Mortal Kombat desde o início da série, que inovou com seus fatalities e uma trama que fazia sentido. Era um jogo de luta com razão de ser, e não mais uma pancadaria gratuita como Street Fighter. A série teve seu auge de popularidade com Mortal Kombat II, que introduziu friendships e babalities, o que deixava os perdedores ainda mais enfurecidos e humilhados. Com Mortal Kombat III, vieram os combos, a jogabilidade mais rápida, os duvidosos e desnecessários sem falar de malfeitos animalities e os interessantes kombat kodes. Foi um jogo que dividiu a opinião dos fãs, mas que ainda assim trouxe relevância ao universo MK e tornou a luta mais dinâmica. Desde então, a série emplacou fiascos em jogos 3D, como Mortal Kombat IV, Armageddon, Deception e o divertido, porém decepcionante, Mortal Kombat vs. DC Universe. Este último se livrou até mesmo de todo o sangue que lhe era característico. O maior acerto da franquia desde então foi o jogo estilo Hack’n’Slash com uma pitada de RPG baseado nas histórias de maior sucesso, MK I e II, intitulado Mortal Kombat Shaolin Monks. Ele trazia toda a violência e o sangue da série e a mesma história cativante, dessa vez mais bem explicada. Ainda assim, não era um jogo de luta. A história Mortal Kombat, conhecido também como MK9 ou MK 2011, veio batizado como se fosse um reboot do jogo, e realmente o é, de uma maneira bastante inteligente. Ele relata a história do final de Mortal Kombat Armageddon, em que Shao Khan é o vencedor do torneio. Raiden, antes de ser derrotado, envia uma mensagem a si mesmo no passado para que ele evite tal resultado no futuro. Assim sendo, Raiden e os demais personagens revisitam a história dos três primeiros clássicos da série, mantendo tudo aquilo que foi bom e inovando em outros aspectos. Em outras palavras, os apelos do Deus do Trovão nada mais eram que o grito dos fãs dizendo “Volte no tempo e faça com que esses jogos ridículos nunca sejam lançados!”. O que é bom tem que voltar... E melhorado! Mantendo o que deu certo, o jogo traz de volta a jogabilidade 2D e os tão amados fatalities. Os sarcásticos babalities também retornam, dessa vez personalizados para cada um dos lutadores. Os combos introduzidos em MK3 voltam com uma violência ainda maior, assemelhando-se aos perdidos brutalities de Ultimate Mortal Kombat 3. Os cenários e as músicas característicos da série reaparecem remasterizados e dão o ar de nostalgia ao game. Sangue? Claro! E ele ainda fica no chão e na roupa do lutador, que dessa vez mostra os danos no corpo e na roupa que se rasga com o decorrer da pancadaria. Gameplay de Mortal Kombat Mortal Kombat retoma a possibilidade de se lutar com mais de um jogador, só que de uma maneira um pouco diferente. O estilo de luta chamado de Tag Combat permite selecionar dois personagens e alterná-los na batalha contra outros dois. Você pode controlar um e seu amigo controlar outro, lutando on-line, ou off-line com outros dois amigos, ou ainda contra a máquina no estilo Ladder mode clássico, em que você sobe uma escada de combates progressivamente mais difíceis até enfrentar o todo-poderoso e apelão Shao Khan. Outra inovação são os X-ray moves, que causam um dano imenso ao inimigo enquanto você assiste a uma cena em raios X de ossos se quebrando e vísceras sendo destruídas. O jogo traz também um modo de luta on-line, que conta com ranked match e também com salas de bate-papo e luta. É introduzida também uma nova modalidade chamada Rei da Montanha. Os jogadores entram em uma sala onde o vencedor da batalha é o rei e deve lutar com os demais desafiantes, que assistem às lutas para tentar defender o seu título. Além disso, os espectadores podem dar nota ao vencedor, criticando assim o seu estilo de jogo. Caso você perca constantemente ou tenha um estilo de jogo ruim, não se desespere. Acesse do menu principal a parte de Prática, escolha seu jogador, estude o move list e vá criando combos. Você pode até gravar seu desempenho para estudar os movimentos e aprender a re-executar aquele combo acidental. Ainda no setor novidades, o jogo traz a Torre dos Desafios. Ela consiste de uma escada de 300 degraus em que você deve passar por lutas, minigames e muito estresse, já que alguns deles são quase impossíveis de serem vencidos. Caso queira pular algum deles, também é possível no decorrer dos jogos contra o computador, você ganha koins para comprar pular desafios e, principalmente, comprar extras na Kripta, que vão de conceitos de arte original a roupas alternativas. Adaptando o que teve de bom nos outros jogos, Mortal Kombat traz o Modo História, presente no jogo contra o DC Universe, em que você assiste ao desenrolar da trama clássica sendo modificada e, sem loadings, é solicitado a lutar, controlando diferentes personagens em cada capítulo. É um modo extenso e divertido para quem gosta de saber o motivo pelo qual se está distribuindo golpes. As cenas não podem ser passadas da primeira vez que você joga, mas no replay o jogador pode pular a parte dos diálogos. Também traz do mesmo jogo a barra de energia, dividida em três, que serve dessa vez para golpes avançados um terço da barra; quebrar um combo do adversário dois terços da barra; e X-ray moves uma barra completa. O minigame Test your Might “Teste sua Força”, introduzido no primeiro jogo da série, está de volta também e com outros modos para você testar sua visão Test your Sight, seu golpe Test your Strike e até mesmo sua sorte Test your Luck. Pra quem não gosta de nada disso, é só se ater ao Ladder Mode e ao Versus, que conta com o retorno dos kombat kodes. As lutas off-line de Mortal Kombat acontecem sem pausas ou falhas. Você conta com um leque de 28 personagens no PS3, incluindo Kratos, de God of War, que se adaptou muito bem ao jogo de luta. Ele não faz parte do modo história ainda bem, outro fiasco como DC ninguém merece!, mas está disponível para batalhas on-line e off-line. Além deles, outros quatro personagens estão disponíveis para download Scarlet, personagem baseada em um bug de MK2, mas nova para a série; Kenshi, personagem de MK4 que faz seu retorno triunfal para agradar quem gostou das séries 3D; Rain, que perdeu toda a glória e rapidez dos tempos de Ultimate Mortal Kombat; e Freddy Krueger, que apesar dos olhares tortos é um excelente personagem que agrada a lutadores e fãs da série de terror. Um fatality no próprio pé Mesmo com todo esse kit para agradar a gregos e troianos, Mortal Kombat ainda não é um jogo perfeito. Apesar das sombras se movimentarem em sincronia perfeita com o personagem, o sistema de dano apresentado pelo lutador não é dependente do local em que ele leva a pancada. O personagem nunca levou um chute na perna e eventualmente aparece com um corte de espada na coxa depois de apanhar muito. Em contrapartida, o X-ray move é fiel e individual pra cada personagem. Um erro gigante da empresa foi o de proibir a conectividade entre regiões diferentes para batalhas on-line. Quem possui um blu-ray Região 1 pode batalhar apenas com quem possui um disco com a mesma região. Isso realmente é frustrante para quem tem amigos em outras regiões. Qual o propósito de ser on-line se não pode ser com o mundo inteiro? Além disso, dizer que a conexão dos servidores de Mortal Kombat é péssima é um elogio. É comum passar mais de cinco minutos esperando por uma luta por ranking e simplesmente perder a conexão no meio da batalha, não importando se você está perdendo ou não, e conta-se como derrota. Ainda nos pontos negativos, mesmo jogando contra a máquina, você passa por momentos de frustração. Os chefões como Goro, Kintaro e Shao Khan causam um dano absurdo, sofrem pouquíssimo e simplesmente apelam em determinados momentos. Como se não bastasse, a Torre dos Desafios obriga o jogador a usar estratégias baratas, como ficar utilizando sempre o mesmo ataque para conseguir avançar no jogo. Como conseguir ganhar contra três Goros? Apelando, lógico. Isso vai contra os princípios de todo gamer de luta que se preze. Os megacombos são um colírio para os olhos e complicados de se fazer. É até legal apanhar de alguém on-line que saiba fazê-los. Porém, utilizar só um combo o tempo inteiro é uma apelação sofisticada. Os desenvolvedores do jogo até que tentaram evitar isso, fazendo com que o jogador fique no chão após uma determinada sequência de golpes, ou então que voe para o outro lado da tela, cortando a possibilidade de um combo maior. Eles se esqueceram apenas de um bug do jogo que corta esse mecanismo. Chamado tecnicamente de wall combo, ele consiste em encostar o jogador na parede e dar porrada sem chance de movimentação ou defesa, sem que seja possível voar para longe e ou mesmo cair no chão. Isso torna a batalha on-line extremamente frustrante. E, por falar em frustração, nada pior do que comprar um personagem extra pra usar em combates on-line e não poder utilizá-lo. Se você comprou Rain, Kenshi ou Scarlet, só poderá usá-los on-line se o seu oponente tiver feito o download do pacote de compatibilidade, que não é obrigatório. A franquia tentou corrigir o problema, ainda que tardiamente, ao lançar primeiro o pacote de compatibilidade on-line obrigatório, que secretamente continha o personagem Freddy Krueger, antes de começar a venda da chave de ativação pra utilização do lutador. Para quem joga videogame em busca de troféus, Mortal Kombat é mais um troféu de platina impossível, exigindo 24 horas de jogo com cada um dos 28 personagens originais. Apesar de alguns troféus serem fáceis de se conseguir por códigos, trapaças ou com amigos on-line, não é exatamente isso que quem deseja ter um troféu procura, mas sim esforço humanamente possível que leve à conquistas. Considerações finais Os gráficos estão bons, mas ainda apresentam algumas falhas durante as lutas, como um cabelo que fica no ar, um fatality com raios X desnecessário, entre outros. Mudanças de câmera durante golpes e combos dão um efeito maior à jogabilidade 2D e possuem um excelente impacto para quem utiliza a função 3D do jogo. Os efeitos sonoros estão maravilhosos. Tiros, ossos se quebrando, leques voando... É tudo quase palpável de tão real. A música, por sua vez, é muito baixa e por isso pouco envolvente. Apesar de possuir uma trilha sonora muito boa, muitas vezes é necessário parar a pancadaria para reconhecer aquela música clássica remasterizada. De uma maneira geral, Mortal Kombat é um excelente jogo de luta off-line para se divertir com amigos em casa e garantir muitas horas de diversão em estilo clássico com muito sangue jorrando e pedaços de corpos por todos os lados. Comparado aos jogos de luta já existentes, ele é merecidamente o Jogo do Ano 2011 na categoria. Agora, caso você esteja procurando um jogo on-line ou troféus, definitivamente terá dores de cabeça. Mortal Kombat – PlayStation 3 – Nota Final Gráficos Som Jogabilidade Diversão Revisão Felipe Biavo